O vidro temperado é bom para suportar cargas distribuidas, mas não caragas pontuais que possam ferir a superfície do vidro.
As caracteríticas do vidro temperado são obtidas por um processo de têmpera que introduz tensões relativamente fortes, no interior e no exterior. Estas tensões (tracção no interior, compressão na superfície) equilibram-se enquanto o vidro estiver intacto.
Se a superfície for ferida de alguma forma - típicamente, um objecto duro e de quinas vivas que caia em cima - o equilíbrio de tensões entre o interior e a superfície é cancelado, e o vidro literalmente rebenta. É mau para o vidro, mas pode ser ainda pior para os olhos de quem estiver perto. Por isso é que desde há muitos anos os pára-brisas dos automóveis não são temperados, são laminados - havia muitos casos de ferimentos sérios quando de acidentes.
E numa mesa podem cair jarros, garfos, facas, um quebra-nozes, sei lá...
Há formas de vidros mais susceptíveis de rebentar, por concentrações de tensões em locais específicos (cantos, entalhes...) mas todos os vidros temperados têm o mesmo potencial problema com a pancadas. Nunca percebi porque é que tantos estabelecimentos comerciais têm portas de vidro temperado. Só por ignorância. É facílimo rebentá-las, e depois é preciso contratar um polícia para ficar de guarda enquanto não é colocada uma porta nova - quando eu andava nessa actividade, todas as 2ªs feiras tínhamos as mesmas cenas de urgência com os vidros que tinham sido rebentados durante o fim de semana.
Há um outro potencial problema, mas este relativamente raro, com o vidro temperado. No processo de fabrico do vidro (quando está em fusão) podem ser introduzidas inclusões microscópicas, não detectáveis, provenientes de impurezas do combustível utilizado no forno - mesmo que o combustível esteja perfeitamente de acordo com as especificações legais. Essas inclusões, durante o processo de têmpera, sofrem modificações que, em determinadas condições, podem mais tarde provocar a rebentamentos espontâneos. Só há uma maneira de as detectar - com testes detrutivos. Houve um edifício de prestígio em Lisboa que, porque o dono da obra achou que saia muito caro fazer esses testes, não os fez, apesar de muito recomendado. O edifício era (e é...) todo revestido de vidro temperado - milhares de m2 - em condições de exposição muito desfavoráveis, e teve vidros a rebentar durante meses...
Por isso, nunca recomendo o uso de vidro temperado, a não ser quando é absolutamente indispensável - portas de fogões, pára-chamas para lareiras, etc. Certamente nunca para mesas.