Obrigado!
Eu tenho a noção que é uma boa ferramenta... Falta-me é prática para a usar convenientemente...
Em próximos projectos vou tentar incluí-la.
Aproveitem o fim de semana, para um bocadinho de bricolage,
Stromlinie
Um pouco atrasado, mas só agora cheguei ao fórum...
Lamento imenso desapontá-lo, as Stanley Handyman não são boas ferramentas. Mas mais vale conhecer a realidade...
A série Handyman foi comercializada pela Stanley a partir do início dos anos 70 a pensar no mercado amador (nessa altura, quando comprei a minha #4, não só não sabia nada do assunto - continuo a saber pouco - como não tinha dinheiro para mais - continuo a não ter...). São consideradas como sendo de baixa qualidade - e de facto são.
Os principais problemas/inconvenientes são os seguintes:
- é práticamente impossível encontrar uma que tenha o rasto (a "base") desempenado. Experimente encostar uma régua metálica à base da sua Handyman, longitudinalmente e em diagonal. É quase infalível que vai encostar perto dos extremos e que várias áreas, que tanto podem ser no centro como nos extremos, vão ficar "no ar". Ora, a planimetria do rasto é
a caracteristica mais fundamental e absolutamente essencial de uma plaina normal (não falo de algumas especiais)
- o acabamento do rasto costuma ser um bocado áspero, com marcas de maquinagem. Sem ser tão importante como a planimetria, uma superfícia lisa reduz o esforço quando a plaina á utilizada e reduz o risco de deixar marcas na madeira - e também tem menos pontos potenciais de entrada de oxidação - lagarto, lagarto, lagarto...
- O ajuste do tamanho da boca é difícil de fazer (exige retirar o ferro, desapertar dois parafusos, e depois conseguir garantir que no fim o gume do ferro fique paralelo à aresta dianteira da boca. Faz-se, mas dá um bocado de trabalho.
- os lados, geralmente, não são perpendiculares à base, nem sequer são muito planos. Não é particularmente importante para o uso que se dá a este tipo de plainas, mas não gosto.
- a afinação de profundidade tem muito mais folga do que seria razoável esperar.
Apesar de tudo isto, consegue-se fazer duma Handyman uma plaina que dá para trabalhar, embora nunca vá ser uma plaina boa. Dá é uma carga de trabalhos a pôr em condições. No caso da minha, foram vários dias.
Comecei por tornar a base uma superfície plana. Gastei para isso várias folhas de lixa para ferro grão 40, seca, coladas numa placa de vidro de 8mm, até conseguir tornar o rasto plano. A partir daí, foi usar granulometrias sucessivamente mais finas 60, 80, 100, 120,... (de forma que cada uma apagasse os riscos provocados pela anterior). Como sou teimoso, fui até ao grão 1200, mas penso que a lixa de água de grão 600 dá um acabamento suficientemente aceitável.
Daí, passei aos lados, para os pôr (aproximadamente) perpendiculares à base. Novamente lixa 40, 60, etc., mas desta vez parei no grão 600. Devo ter tirado uma data de peso a esta plaina...
Depois, pôr o contra-ferro em condições - corrigir geometria da aresta e acabá-la de forma a que não tivesse folgas relativamente ao ferro. Originalmente, era uma vergonha.
O ferro é uma peça maçadora - nestas plainas, a Stanley usa ferros de 2mm de espessura, que podem ser tudo menos planos. Portanto, polir as costas do ferro pode ser complicado. Optei por só polir um ou dois cm a partir do gume, não é preciso mais. Quanto a pôr o gume à esquadria, fazer o bisel e afiar, é trabalho do costume (ou seja, não é pior por ser uma Handyman).
E depois, claro, há que afinar. Como os meios de afinação desta plaina não são particularmente precisos, dá um bocadinho mais de trabalho do que com uma plaina de melhor qualidade. Mas enfim, faz-se!
E depois disto tudo - se bem me lembro, foram alguns 3 ou 4 dias de trabalho, especialmente à conta da lixa - já se consegue trabalhar. Mas sempre a matutar que devia ter comprado uma plaina melhor (as Stanley da série Bailey costumavam ser boas, não sei se ainda são, mas eram muito caras. E há outras marcas).
Quando descobrir como se põem fotografias aqui posso enviar-lhe uma do aspecto do rasto da minha depois destas operações, para ter um ponto de referência. Mas olhe que é preciso ser verdadeiramente teimoso para a pôr assim (depois disto, há uns anos já lhe consegui fazer alguns estragos que não consegui corrigir totalmente. Mais tarde conto se estiver interessado em ver)
Quem estiver interessado em saber mais sobre as Stanley, o site
http://www.supertool.com/StanleyBG/stan0a.html , de Patrick Leach, é muitíssimo interessante. Mas não vai lá encontrar a série Handyman, não está ao nível...
Como já puderam verificar, quando o assunto me interessa escrevo muito. Mas os reformados às vezes são assim, têm todo o tempo do mundo (até morrerem, já se vê!). Prom,eto tentar honestamente emendar-me.
Cumprimentos
G.