Comprei na feirinha de velharias aqui do bairro uma Stanley #3 em bastante bom estado - mecanicamente falando. Tinha uma particularidade estranha - as pegas, que são normalmente de madeira, estavam pintados de preto brilhante (já agora, se alguém conhecer uma designação em português para as pegas da plaina manual...). Uma camada bem grossa, aliás. Estranhei, mas como tudo o resto estava em muito bom estado e completo (excepto que o ferro, como é habitual nestas vendas, estava mal afiado), e só pediam 25 euros por ela, achei que valia a pena. Há muito tempo que queria ter uma, por ser mais maneirinha do que a #4.
Chegado a casa, vasculhei a internet à procura de Stanleys #3 com as pegas pintadas e, como era de esperar, não encontrei nada.
Então, resolvi começar a "descascar" a pega dianteira, e por baixo de uma boa espessura de tinta encontrei a madeira de origem. Bonita, sem ser extraordinária, mas aquilo que eu esperaria nesta plaina. Pensei "quem poderá ser o animal que trabalha com uma plaina e prefere pegas pintadas em vez da madeira natural?". Devia ter calculado...
Animado, resolvi fazer o mesmo à pega traseira. E aí, percebi porque é que estavam pintadas. A pega traseira não é de origem. É uma peça de faia, bastante mal feita aliás, que já foi partida e colada (não é de espantar que se tivesse partido - os veios estão no sentido errado). A Stanley, que eu saiba, nunca fez pegas de faia. Estou mesmo a ver - o pândego estragou a peça de origem, ou tirou-a para usar noutra plaina qualquer, fez uma em faia, inevitávelmente partiu-a, colou-a, e como é impossível confundir a madeira de faia com a madeira da pega dianteira, vá de pintar tudo para fingir que era assim mesmo!
Bem, vendo as coisas pelo lado optimista, vou ter oportunidade de fazer um par de pegas novas de boa madeira (têm de ser as duas, para a madeira ser a mesma). Alguém tem um truque para fazer furos compridos, aí de uns 5 ou 6mm de diâmetro? Queria evitar comprar uma broca extra-longa só para isto.